Trilha sonora da leitura

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Felipe Pena


Felipe Pena é Doutor em Literatura pela PUC-Rio, pós-doutor em semiologia pela Universidade de Paris / Sorbonne III e ignorante por conta própria. Também é jornalista, psicólogo e professor da Universidade Federal Fluminense, onde leciona oficina de textos e telejornalismo.
Roteirista da TV Globo e cronista do Jornal do Brasil, escreveu outros dois romances, O marido perfeito mora ao lado e O verso do cartão de embarque, ambos publicados pela editora Record.
Autor de sete livros acadêmicos, entre eles Teoria da Biografia sem fim (Ed. Mauad, 2004) e Teoria do Jornalismo (Ed. Contexto, 2005), além de Seu Adolpho (Ed. Usina de Letras, 2010), uma biografia em fractais de Adolpho Bloch, foi professor visitante da Universidade de Salamanca, na Espanha, e tem dezenas de artigos científicos publicados no Brasil e no exterior.
Mora no Jardim Oceânico, um pacato bairro do Rio de Janeiro, cidade onde nasceu, aparentemente, no século passado.


Obras:

Fábrica de Diplomas : Fábrica de Diplomas é uma envolvente história de suspense que utiliza como cenário a conturbada (e pouco explorada) realidade dos universitários brasileiros, divididos entre livros, amores impossíveis e festas regadas a drogas e álcool.
Uma estudante de farmácia é baleada no campus de uma faculdade durante o intervalo das aulas. O psicanalista Antonio Pastoriza é chamado pelo Reitor para investigar o crime e descobre a participação de um estranho personagem, que, apesar de ser analfabeto, acaba de passar no vestibular.
Atormentado pelas dúvidas sobre os métodos utilizados pela profissão que escolheu, Pastoriza reencontra uma ex-namorada, envolve-se em uma disputa pessoal com o chefe de polícia e se vê no meio da guerra entre milícias e traficantes pelo controle de uma nova droga sintética produzida no laboratório de farmácia da universidade. E ainda precisa descobrir a identidade do misterioso Doutor, um bandido cujo rosto nunca foi visto por ninguém.
No curso das investigações, o psicanalista percebe a decadência do ensino superior no país e a disputa comercial por alunos/clientes entre as instituições privadas, reforçada pela chegada de inescrupulosos investidores estrangeiros, interessados em participar do nosso milionário mercado da educação.
Com este livro, publicado originariamente sob o título de O analfabeto que passou no vestibular, Felipe Pena iniciou a sua trilogia do campus, composta, na sequência, pelos romances O marido perfeito mora ao lado eO verso do cartão de embarque, todos publicados pela Record.




O marido perfeito mora ao lado: Um livro pra ler de um fôlego sóUma história de amor, com ritmo de suspense, otimismo e didática. Para quem tem curiosidade sobre a mente humana, o novo livro do jornalista Felipe Pena, “O marido perfeito mora ao lado”, é um prato cheio. A começar pelos títulos dos capítulos que sugerem temas como libido, ansiedade e sublimação, e também pelo fato de o enredo ser ambientado em uma universidade particular, especificamente no curso de psicologia. Mas não são apenas os amantes de Freud que vão se deliciar com este romance. A linguagem simples, porém arrojada, característica do autor, leva o leitor a uma viagem para dentro de si mesmo.
O livro começa com um monólogo de uma mulher angustiada, cuja maior preocupação é tentar discutir a relação com o marido. Com um humor refinado e sagaz, o autor nos mostra como essa tarefa é difícil logo no primeiro parágrafo:
“Por que estamos aqui? Sei lá! Culpa dele, só dele. Responde aí, Carlinho! Ele não fala, ficou mudo. Fala, Carlinho! Conta a nossa história. São dez anos. Conta tudo, desde o começo. O primeiro encontro, o vinho, as flores, o beijo. Não, o beijo não. Disso ele não lembra mais. Depois de um tempo só ficam aqueles estalinhos de boa noite, como dois compadres siberianos. E as promessas, claro. Conta pra ela, Carlinho! Como não prometeu nada? Cadê o cara que abria a porta do carro, que elogiava o vestido, que recitava poesia no ouvido, que me olhava com fome e enfiava a língua na minha garganta? Você inteiro foi uma promessa. Ninguém avisou que tinha prazo de validade.”
A personagem Olga decide, então, fazer terapia de casal. Sem dinheiro suficiente para pagar um especialista, ela e o marido recorrem a uma clínica universitária, onde são atendidos por acadêmicos do curso de psicologia, membros da alta burguesia carioca, que têm tudo, menos experiência para ajudar o casal.
E, no meio das discussões, um dos estudantes desaparece. A partir daí, todos são suspeitos. O leitor assume o papel de detetive para desvendar este mistério e, a cada página virada, no afã de descobrir quem são os mocinhos e quem são os bandidos, fica impossível desgrudar da leitura ágil e da trama surpreendente.
Qual a mulher que, assim como Olga, não almeja que seu companheiro note o corte de cabelo, elogie a roupa nova ou nos leve para jantar sem motivo ou comemoração especial? Ou simplesmente abra a porta do carro? Gestos singelos, porém significativos, que fazem tanta falta no cotidiano dos casais.
A idéia do autor era tratar de um tema universal: a discussão do relacionamento. E ele fez isso com frases marcantes: “Homens e mulheres são seres previsíveis. Ocupados demais para o casamento, ocupados demais para os filhos. Ocupados demais para originalidade.” Ao contrário do que o título possa sugerir à primeira vista, “O marido perfeito mora ao lado” não é uma sugestão para olhar com malícia para o vizinho. O objetivo é analisar como o desejo investe no vazio, naquilo que não temos. E começar a refletir que o marido ou a esposa que está em casa pode ser perfeita, mesmo com todas as imperfeições.
O livro mistura o clima de suspense com a comédia romântica embalada pelos diálogos bem construídos, sem deixar de lado o romantismo que toda história de amor precisa ter. Felipe Pena usou estratégias narrativas baseadas nos folhetins. O jornalista estudou a fundo a obra do romancista francês Honoré de Balzac, que escrevia para jornais e precisava seduzir os leitores todos os dias. Além de ser um grande conhecedor de psique humana, já que também é psicólogo.

As trezentas páginas deste novo romance atestam todo o talento e criatividade do autor, e nos fazem enxergar as fantasias, os desejos e anseios que estão nas personagens, mas que, no fundo, poderiam estar (e me arrisco a afirmar que muitas estão) escondidas ou reprimidas no inconsciente de cada leitor.
Você começa a ler achando que sabe o que provavelmente vai acontecer no final, mas, a cada nova página, a dúvida se instala, a curiosidade aflora e o desejo de conhecer o desfecho não nos deixa outra saída: mergulhar nesta leitura elegante, democrática e (por que não dizer?) perfeita.

O verso do cartão de embarque: A quem delegar a difícil tarefa de receber uma trágica notícia “pessoal”? Quem (re)contará a história que não nos pertence? É o que se pergunta um escritor decadente quando preenche o verso do cartão de embarque e dedica uma crônica ao assunto, minutos antes de viajar para um lugar desconhecido. Duas leitoras, Nicole e Berenice, se identificam com a crônica e tentam descobrir o paradeiro do escritor. Felipe Pena construiu um romance em que risos e lágrimas se misturam. Uma história inesquecível.



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