Trilha sonora da leitura

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Ausência - Flavia Cristina Simonelli



Sinopse: “O que é um homem sem memória? Um homem que não se reconhece mais em nenhum tempo, nenhum lugar, nenhum rosto?” Daniel é médico neuropsiquiatra e começa a tratar de Ervin de Apolinário, professor aposentado que apresenta uma doença degenerativa. Tudo estaria dentro da rotina do consultório, não fosse a doença de Alzheimer reavivar na memória de Daniel antigas dores, misturadas à paixão obcecada por Natasha, filha do paciente, provocando a desestruturação de seu casamento e a culpa por transpor seus limites éticos. Ausência é um romance que coloca ao leitor uma questão perturbadora: o que acontece quando a mente começa a apagar as lembranças que constituem a própria biografia? O desenvolvimento do Alzheimer e o dilema de Daniel são o fio condutor dessa trama permeada por relações complexas e questionamentos existenciais que levam a refletir sobre o dinamismo inesperado da vida. 
 
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  " Daniel via a avó partir, numa viagem só de ida, para algum destino desconhecido, perguntando-se sempre para onde ia tudo aquilo que estivera dentro da avó por toda vida. [...]" - Página 56 








Por causa de sua avó, Daniel decidiu se tornar um neurologista, porém , pelo mesmo motivo jamais tratou casos de Alzheimer, sempre os encaminhando e tentando não se abalar muito com isso.
Ervin estudou literatura por toda sua vida, conhecia cada pedacinho dessa arte e era um professor como nenhum outro, capaz de ensinar e envolver até o aluno mais distraído. Até que em uma palestra na universidade o vazio o atinge e ele não consegue nem se lembrar onde deixou a chave do carro e cada vez mais esses esquecimentos são frequentes e ele mal pode entender o que acontece.

"[...] Esperava um gesto afirmativo da mulher, mas um tristeza o invadiu, enquanto sua mente se tornava um espaço vazio. Um espaço sem imagens, sem lembranças, sem vozes do passado a soar." - 
 Página 24

O Alzheimer é uma doença cruel, mas não só para os portadores, também para a família. Danilo entendia o sofrimento de Natasha ao ver seu pai começar a esquecer de tudo, toda aquela genialidade indo por água a baixo; do mesmo modo que entendia o cansaço e o stress pelo qual dona Margarida passava devido ao marido. E por esse motivo Daniel resolve pela primeira vez encarar seus monstros interiores e aceitar cuidar do genial professor Ervin.
A única coisa pela qual Daniel não esperava ter de enfrentar nesse processo já tão dolorido, era uma paixão pela filha de seu paciente. Casada a dezessete anos e com dois filhos ele era feliz, até se apaixonar por Nataha. Divido entre sua esposa e a filha de seu paciente, sua jornada será mais longa do que ele pode prevê.
Com narração em terceira pessoa com cara de primeira, ora focada em Daniel [ maior parte do livro], ora focada em Ervin, a trama se conduz de forma única e envolvente tornando-se cada vez mais densa, com mais obstáculos a serem enfrentados.
Conforme o livro vai se desenvolvendo Daniel vai relembrando tudo aquilo que ele passou com a sua querida avó na infância e tudo aquilo pelo o que sua mãe passou, que apesar de dolorido, lhe faz bem, afinal é preciso primeiro limpar a ferida antes de poder curá-la.
A cada capítulo você se envolve mais e mais torcendo para que cada personagem fique bem dentro do possível, afinal o desenvolvimento deles ao longo da história é algo único de se acompanhar, a cada decisão, cada escolha, mesmo que errada, faz o livro se tornar viciante.
O que complicou minha leitura é a carga emocional proposta no livro, a doença é muito difícil e sombria e o livro é fiel a isso, por isso a leitura não é uma das mais fácies, com total certeza pessoas que costumam chorar irão chorar nesse livro.
Eu adorei o livro e sem dúvidas o indico, porém já aviso que apesar da alta densidade do tema o final é surpreendente  divertido, creio que tenha sido a coisa mais sensata, real e que eu torcia possível de ocorrer.

Beijos!

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