"Ausência
começou com uma pergunta: o que eu seria se minha biografia desaparecesse
de minha mente, apagando todas as pessoas, os lugares, os conhecimentos? Percebi,
então, que, sem as referências externas internalizadas na memória, perderia a
mim mesma. Foi quando que decidi pesquisar sobre a perda gradual da consciência
sofrida por pessoas com doenças degenerativas e cheguei ao Alzheimer para criar
um dos personagens principais, o professor Ervin de Apolinário.
Esse
personagem é um renomado professor universitário, de Literatura, e que começa a
perder o que justamente lhe deu mais prestígio, o intelecto e toda a cultura
acumulada durante a vida. Até um determinado momento da narrativa foi possível
narrar o drama vivido por Ervin, seus medos, suas inquietações, quando ele
ainda podia ter momentos de consciência. Porém, o tempo, cruel para qualquer
doença degenerativa, foi afastando-o dos familiares, dos amigos e de si mesmo,
embora continuasse presente fisicamente. O sofrimento de quem vê alguém
ausentar-se aos poucos também é mostrado em alguns personagens, como Natasha,
sua filha e Margarida, sua mulher.
Porém, Ausência, é, sobretudo, o percurso de
Daniel. Médico neuropsiquiatria que cuida do professor Ervin. Por meio de suas
lembranças, Daniel reaviva a dor que o Alzheimer provocou-lhe quando ainda
criança viu a avó partir aos poucos.
As
histórias de Ervin e Daniel se cruzam, e, à medida que a consciência do
professor se esvai, a consciência do médico se amplia com novos e
desconcertantes questionamentos a respeito de sua própria vida. Atordoado por
uma paixão fora do casamento, vê-se diante de um dilema jamais experimentado.
Ao
escrever Ausência, eu quis tentar
transpor um limiar como escritora que me levasse a novos ângulos de percepção
entre mim e o mundo; um livro é um universo criado, que ao mesmo tempo em que
não pode abarcar, em ficção, todas as realidades da vida, é completamente
coerente e inteiro em si mesmo, capaz de permitir a vivência de novos pontos de
vista. O ponto de vista de Ervin, um homem que sabe que está perdendo a si
mesmo; e o ponto de vista de outro homem, Daniel, que vê ruir todas as
estruturas que constituíram sua vida até então, o que foi inédito para mim, um verdadeiro
desafio, já que em meus outros romances a narrativa se dá através de pontos de
vista bem femininos.
Ausência é um romance que me permitiu perceber que cada um de nós é
o caminho que percorreu. O caminho pode até se apagar da memória, mas jamais deixa
de existir. Muito pelo contrário, o caminho percorrido está lá, vívido,
tocando, cruzando, modificando caminhos de outros. Mas é a memória de cada
reta, cada curva, cada pedra encontrada que nos torna conscientes de quem somos,
e livres para prosseguir, conforme o que queremos vir a ser. " - Conta Flavia
E agora o recado lindo que autora mandou para vocês :"Queridos leitores do blog Open Door of Creation, espero que continuem sempre mais lendo, lendo e lendo... Afinal, o que completa a vida é a imaginação, a arte, a capacidade de sonhar mundos que nos inspiram a descobrir sempre mais um pouco de nós mesmos!
Abraços com muito carinho,
Flavia Cristina Simonelli"
Agora conheçam realmente a sinopse de Ausência...
Ausência
sinopse
“O que é um homem sem memória? Um homem que não se
reconhece mais em nenhum lugar, nenhum tempo, nenhum rosto? “
Daniel, médico neuropsiquiatria, reluta em tratar de
Ervin de Apolinário, professor de literatura aposentado, que tem Alzheimer,
devido a traumas sofridos na infância com a perda da avó, por causa da mesma
doença.
Quando criança, Daniel dependia dos cuidados da avó, que
começou a se tornar distante à medida que a doença avançava, provocando em
Daniel sentimentos de medo, abandono e solidão. O fato de uma pessoa perder a
noção de quem ela é e de tudo o que constituiu o seu mundo até então intrigou
Daniel desde muito cedo e o impulsionou à Medicina.
Porém, sempre havia encaminhado casos de Alzheimer para
outros médicos, para não tocar em feridas antigas, mas dessa vez, impressionado
pela sabedoria do professor que surgia nos momentos de lucidez, decidiu
tratá-lo. Mas, a verdadeira razão de vincular-se ao paciente foi a paixão
crescente e desconcertante por Natasha, a filha de Ervin, separada e psicóloga,
com quem tem longos e profundos diálogos acerca da vida e da complexidade das
relações.
Apesar de querer esquivar-se desse sentimento inesperado
e arrebatador, por medo de desestruturar a família, Daniel se viu diante de um
grande abalo emocional do qual não pôde escapar.
A perda gradual da consciência sofrida por Ervin e o dilema
de Daniel constituem o fio condutor da história. Os sentimentos de Ervin são
retratados por dentro, até quando ele pode ter percepções próprias. O drama
pelo qual passam os familiares de Ervin, a raiva inicial de sua mulher e depois o sentimento de culpa, assim
como o inconformismo da filha e a praticidade do filho, também permeiam a
história.
Daniel vincula-se a essa família e a Ervin numa medida
muito maior do que faria com qualquer paciente. Resgata dores antigas e as
mistura ao momento presente, sendo levado a mudar a própria realidade.
Ausência é um romance que nos joga num limiar, quando o
controle da própria vida pode escapar a cada instante. Quando se adentra cada
vez mais uma página em branco, sem lembranças, sem reconhecimento, sem nada. E
sem volta.
I want you for ArcanjoLycan's Army!
ResponderExcluirarcanjolycan@gmail.com.br
Confirme a convocação via email!
Confirmado, chefinho!
Excluir